PREFEITURA FAZ SEMINÁRIO PARA DISCUTIR TEMÁTICA DA ÁGUA PDF Imprimir E-mail

Ideia é despertar consciência sobre o recurso que, sem controle, pode acabar

 

“Mais da metade da população mundial está localizada em áreas urbanas. Essas áreas modificam o ciclo da água em virtude da drenagem, da cobertura vegetal que é retirada, da impermeabilização do solo e do múltiplo uso. Por isso, esse tema é sempre atual e, mais do que isso, urgente demais em todos os cantos do planeta. É há um compromisso que cada um de nós deve assumir: cuidado, controle e preservação da água”. A declaração do Prof. Dr. José Galizia Tundisi, secretário municipal de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação de São Carlos, dá o tom do nível das discussões ao redor do tema que, mais do que urgente, é imprescindível para manter a vida no planeta.

 

A Prefeitura de São Carlos dedicou essa sexta-feira, 22 de março, Dia Mundial da Água, para debater e discutir passado, presente e futuro da quantidade e qualidade dos recursos hídricos dentro dos ambientes públicos e privados, e com representantes dos mais diversos segmentos que promovem o controle, estudo, captação e distribuição. Foi um dia inteiro de atividades com o Seminário “Gestão de Águas Urbanas: problemas, soluções e perspectivas”, que reuniu, no Paço Municipal, pesquisadores de Universidades, gestores públicos e conselheiros de órgãos que atuam com recursos hídricos no Estado e no país.

 

O encontro foi aberto às 8h30 pelo secretário José Galizia Tundisi, na sequência, tiveram início as exposições. Entre os participantes, como provocadores do debate, estiveram presentes a Profa. Dra. Denise Taffarello, doutora em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela EESC/USP; o diretor presidente do SAAE de São Carlos, Benedito Marchezin; a Dra. Leila Jorge Patrizzi, Gerente de Operações de Tratamento de Água e Esgoto; o Prof. Dr. Luiz Antonio Daniel, docente no Departamento de Hidráulica da EESC/USP; o Prof. Dr. Pedro Sérgio Fadini, professor Associado do Departamento de Química da (DQ/UFSCar); Prof. Dr. Eduardo Mário Mendiondo, especialista em Recursos Hídricos, Saneamento Ambiental e Hidráulica Ambiental; Prof. Dr. Paulo Canedo de Magalhães, presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Prof. Dr. Filippo Ghiglieno, docente adjunto da Universidade Federal de São Carlos.

 

“A água é um recurso precioso, mas a cada dia sempre menos abundante levando em conta que a população aumenta e a demanda pela água também. Por isso, dentro de uma visão multidisciplinar de gerenciamento e monitoramento, as novas tecnologias podem e devem auxiliar de alguma forma nos processos de distribuição e uso. A chance de instalar sensores de baixo custo na rede de distribuição, por exemplo, pode ajudar a descobrir em tempo real dados que favoreçam o controle. Esse é um dos apoios que a ciência desenvolvida em nossas universidades e centros de pesquisa podem dar. Ou seja, detectar eventuais vazamentos que sobrecarregam, prejudicam e encarecem o sistema como um todo”, disse o professor Filippo, ao citar essa ideia tecnológica como uma das inúmeras que existem para fortalecer os processos.

 

Alertas- Já o secretário José Galizia Tundisi, um dos organizadores do Seminário, salientou que a água é um recurso finito que é usado para diversas finalidades, como produção de alimentos, abastecimento público, produção industrial, recreação e manutenção dos ecossistemas. “Em função dessa quantidade de uso, é obvio que a atividade humana é a que mais absorve (por vezes, sem controle) essa riqueza ainda natural. Porém, se não houver cuidado, os problemas podem ser sérios no futuro. Na nossa região, vale lembrar, chove 1.500 milímetros por ano. Ora, se é essa a chuva que temos, é também a água de que dispomos. Avançar esse sinal é gastar mais do que se pode. Portanto, os alertas individuais e coletivos estão lançados.”

 

Outra visão dada ao encontro foi a do Prof. Dr. Paulo Canedo de Magalhães, presidente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Para ele, o Brasil, em geral, está acostumado a tratar a água de forma displicente porque ainda tem esse recurso em grande quantidade. “A meu ver, nossa maior dívida é o uso perdulário. E a situação dos nossos rios urbanos é caótica. Todos muito poluídos por causa do esgoto despejado neles de maneira inadequada, sem falar, claro, do lixo que também é depositado. Essa conta, mais cedo ou mais tarde, sempre chega e costuma ser altíssima”.

 

SAAE– De acordo com gerente de Operações de Tratamento de Água e Esgoto do SAAE de São Carlos, Leila Jorge Patrizzi, todos os meses a autarquia municipal faz cerca de mil coletas de água para garantir controle de qualidade. “Nossa preocupação não é somente para atender o que determina a legislação, mas sim e também com os chamados contaminantes emergentes, como os fármacos, os hormônios e os antibióticos presentes no esgoto para evitar a contaminação dos recursos hídricos. E para aprimorar esse cuidado, temos parcerias com universidades de dentro e de fora do país. No caso de São Carlos, contamos com a excelência da USP e da UFSCar”.

 

No meio da tarde, houve o lançamento do livro “Water Quality in the Americas” Rede de Academias de Ciências das Américas (Inter American Network of Academies of Science).

 

(22/03/2019)