» MORADORES DO SANTA FELÍCIA PARTICIPAM DE TERAPIA COMUNITÁRIA PDF Imprimir E-mail



Cerca de 60 funcionários representantes das secretarias municipais de Saúde, Educação e Cidadania e Assistência Social que estão participando do curso de capacitação na prática da “Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa – Entre nessa roda” estiveram na tarde desta quarta, dia 5, no salão de festas da igreja Santa Rita de Cássia, no Santa Felícia, para uma roda de terapia comunitária com 50 moradores do bairro. O curso é coordenado pela Secretaria Municipal de Saúde em parceria com a UFSCar e a Universidade Federal do Ceará (UFC) e já vem desenvolvendo rodas de Terapia Comunitária em todas as Regionais de Saúde do município.

O processo de contato direto dos alunos com os moradores do Santa Felícia teve a participação especial da terapeuta comunitária e musical Teresa Celestino de São Paulo, que participa de congressos de terapia por todo o país levando músicas especiais ou adaptadas para a terapia comunitária dos capacitandos.

Direcionado a profissionais como médicos, psiquiatras, psicólogos, enfermeiros, agentes de saúde, educadores, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, cientistas sociais, lideranças comunitárias e outros profissionais que desejam desenvolver um trabalho de saúde mental comunitária, o curso teve início em setembro deste ano, com metodologia construtivista, problematizadora e transformadora, distribuído em 4 módulos presenciais com 360 horas/aula, entre 160 horas teóricas e de vivências terapêuticas, 120 horas de prática e 80 horas de intervisão, em 4 módulos presenciais com encerramento em fevereiro do próximo ano.

Bairros como a Cidade Aracy, Vila Isabel e agora o Santa Felícia já receberam sessões de terapia comunitária que têm por objetivo prevenir agravos e promover a saúde da população, além de capacitar profissionais e agentes de saúde, e lideranças comunitárias na prática da terapia comunitária.

A Terapia Comunitária como ferramenta de inclusão e articulação com a rede de serviços de atendimento à população são-carlense se concretiza no estímulo do desenvolvimento e criação de uma rede social sustentada pela solidariedade. Promove a atenção e o desenvolvimento global da saúde de cada cidadão que vai desde a prevenção, o tratamento até a reinserção social dos usuários e de suas famílias.

Em São Carlos, o processo de implantação nas unidades de saúde pretende ampliar as oportunidades de acolhimento, compreensão e transformação do sofrimento nos espaços de convivência social, identificar e direcionar demandas mais específicas de saúde mental ou física aos recursos da rede de atenção, promover saúde pela valorização das experiências e saberes presentes na comunidade, reconhecimento de sua resiliência e afirmação de seu poder de participação social.

A terapeuta comunitária Denise Martins Gualtieri, coordenadora do evento, lembra que a terapia comunitária já vem sendo desenvolvida nas Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família, escolas, creches e igrejas próximas às unidades de saúde de São Carlos. “Os usuários do SUS que passarem por uma unidade de saúde e quiserem participar de uma sessão de terapia comunitária devem consultar a unidade mais próxima de sua residência para saber qual é o dia, local o e horário das próximas sessões para conhecer a técnica”, explica Gualtieri.

O que é a Terapia Comunitária
É uma abordagem terapêutica em grupo com a finalidade de promover a atenção primária em saúde num espaço de partilha de sofrimentos e descobertas, privilegiando o saber e a competência construídos pelas experiências de vida do indivíduo, da família e da comunidade.

O Departamento de Atenção Básica (DAB) tem como estratégia fundamental a articulação do setor saúde com outras áreas de atuação governamental e a comunidade, organizados na lógica do território. O principal benefício desse trabalho no sistema municipal de saúde será agregar às ações de saúde oferecidas pelas Unidades de Saúde outras ferramentas de promoção de saúde, além da consulta médica, exames e medicamentos.

Como funciona
Após um momento inicial de acolhimento, os participantes escolhem um tema (violência, alcoolismo na família, etc.) que é contextualizado, desenvolvido e problematizado pelos participantes e terapeutas. A terapia se encerra com rituais de agregação. Busca-se a utilização de elementos da cultura popular (músicas, histórias e ditados) que auxiliem no desenvolvimento dos temas, no acolhimento do sofrimento exposto e na aproximação dos participantes. Os objetivos são a legitimações do sofrimento pela oportunidade de verbalizá-lo na comunidade e o reforço e criação de redes de organização social.

A TC traz a oportunidade de realizar promoção de saúde, trabalhando através da valorização das experiências da comunidade, da resiliência e do “empoderamento” da população aumentando, assim, o seu poder de participação na vida social e possibilitando aos “pacientes” vitimizados pelo sofrimento tornarem-se sujeitos da transformação de sua própria história e da história.

(05/12/07)