» IDOSO: SERVIÇO JÁ ATENDEU 760 CASOS DE VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA PDF Imprimir E-mail


Desde a criação, em 2003, do Serviço de Atendimento ao Idoso na Prefeitura, a Secretaria de Cidadania e Assistência Social já contabiliza o atendimento de 760 casos de idosos vítimas de violência e/ou em situação de risco, que chegaram por meio do Disk Denúncia. Atualmente, esse serviço funciona no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), localizado na rua 13 de Maio, 1.732, no centro. Mais informações no telefone 3307-7799.

Segundo a chefe da Seção de Serviço de Atendimento ao Idoso e Pessoas com Deficiência, Fátima Regina Rodrigues, as denúncias podem ser feitas pessoalmente ou por telefone – nesse caso, se a pessoa preferir, ela não precisa se identificar. “Quando a denúncia chega, nós fazemos uma ficha com nome, endereço e descrição da denúncia. Então, realizamos a primeira visita para apurar os fatos e fazer uma avaliação das condições em que vive, e logo após fazemos contato com a família, que é chamada em reunião na seção para os encaminhamentos necessários”, explica.

Cerca de 90% dos casos denunciados são resolvidos pela própria Secretaria de Cidadania, através de diálogo com as famílias. A equipe faz reuniões com os familiares, ocasião em que os mesmos são responsabilizados em cuidar do idoso. Só quando as famílias não cumprem o combinado, o que faz com que o idoso continue sendo vítima de maus-tratos ou de outras situações de riscos, é que necessitamos dos rigores da lei. Estes casos são encaminhados ao Ministério Público”, explica Fátima.

Segundo a assistente social Fernanda Marques, muitas vezes os familiares também procuram o serviço no intuito de conseguir vaga para abrigar o idoso em abrigos ou instituições. “Temos um trabalho com os familiares de orientação e divisão de tarefas nos cuidados com o idoso, fazendo com que ele permaneça junto à família, fortalecendo o vínculo para se sentir protegido e acolhido. Podemos verificar que com este trabalho temos conseguido um bom resultado, apenas 2% dos casos atendidos foram abrigados, já que não possuíam familiares”, ressalta.

Mesmo os casos já solucionados, ou seja, aqueles em que os idosos já saíram da situação de risco, continuam em acompanhamento pelo serviço. “Essas visitas são feitas periodicamente e, se detectado algum problema, o caso volta ao serviço para serem feitos os encaminhamentos necessários”, explica a psicóloga Francine Nathalie Ferradesi Rodrigues Pinto.

Parceiros
Dona Amália Carneiro faz fisioterapia na Unidade Saúde-Escola da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), um dos parceiros do serviço. “Minha irmã entrou no serviço devido a um problema de saúde. Sempre a levei na fisioterapia e lá conversava com outras cuidadoras. Nós sempre trocávamos idéias sobre como trocar fraldas e dar banho”, lembra a cuidadora Maria Aparecida Carneiro.

De acordo com Fátima Regina, o bom andamento do trabalho depende dos parceiros que o serviço possui, entre eles a Secretaria Municipal de Saúde, com o Programa de Atendimento Domiciliar (PAD), o Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), o SAMU, a Unidade de Saúde da Família e a Vigilância Sanitária, o Hospital-Escola, a Santa Casa de Misericórdia, a Unidade Saúde-Escola da UFSCar, o Ministério Público Estadual, a Defensoria Pública, a Delegacia de Defesa da Mulher, as Polícias Civil e Militar, o INSS, abrigos de idosos, o Albergue Noturno, o Centro de Referência de Assistência Social, o Centro de Referência do Idoso “Vera Lúcia Pilla”, a Associação Pastoral do Idoso, a União Internacional de Proteção Animal (UIPA) e o Conselho Municipal.

Centro de Referência do Idoso
Em 2002, o Centro Comunitário “Vera Lúcia Pilla” passou a funcionar como o Centro de Referência do Idoso, concentrando ações esportivas, culturais e de apoio ao resgate da auto-estima e da cidadania da pessoa idosa. Mais de 250 idosos frequentam o Centro de Referência do Idoso, onde fazem atividades esportivas (ginástica, alongamento, dança de salão, voleibol adaptado, atletismo, entre outras), atividades culturais (teatro, artesanato, musicalização, etc.), passeios, eventos, palestras educativas, encontros regionais e estaduais, apoio psicológico, encaminhamentos e orientação na área da saúde. Ele fica localizado na rua Joaquim Inácio de Morais, 370, na Vila Irene, e promove atividades de segunda a sexta, das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30. Mais informações pelo telefone 3368-4808.

Conselho Municipal do Idoso
Para assegurar os direitos dos idosos, São Carlos conta também com o Conselho Municipal do Idoso, vinculado à Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social e formado por 14 conselheiros titulares. O Conselho é o responsável por formular e avaliar as condições de atendimento e proteção ao idoso na cidade. Entre suas atribuições estão desenvolver atividades que visem à defesa e ampliação dos direitos dos idosos; apoiar ações que promovam sua participação nos diversos setores da atividade comunitária; propor medidas para eliminar toda e qualquer disposição discriminatória e receber denúncias sobre qualquer forma de desrespeito ao idoso; promover estudos e debates sobre questões que afetam os idosos e analisar sugestões recebidas da sociedade. Ele funciona na Casa dos Conselhos, localizado na rua Marechal Deodoro, 2477, centro. O telefone é 3372-0222.

Números
Conforme o relatório da equipe, 61% dos atendimentos são mulheres e 39% são homens. Houve maior número de casos no centro, com 258 casos, representando 34% dos atendimentos; Vila São José com 181 casos, representando 24% do total; Vila Isabel, com 131 casos e 17%; Santa Felícia, com 117 casos, representando 15%; Cidade Aracy com 61 e 8% dos casos, e Água Vermelha com 12 casos que representam 2% da população atendida.

Os principais denunciados são os filhos, totalizando 67% dos casos, depois os companheiros e os sobrinhos com 7% dos casos, seguido dos netos com 6%, irmãos, com 4%, instituição com 3% e cuidador, nora e próprio idoso (auto-negligência) com 2%. De acordo com os dados levantados pela equipe, a maioria dos idosos são analfabetos, totalizando 49% dos casos, seguido dos que têm o ensino fundamental com 37% dos casos, ensino médio com 6% dos casos e ensino fundamental incompleto e superior com 4% dos casos.

A maioria dos idosos são viúvos, constituindo 49%, seguido dos casados, com 26%, solteiro com 13%, separado com 8%, divorciado com 3% e amasiado com 1%. Entre os casos atendidos na seção, 36% são de abandono, 35% são de negligência, 13% auxílio assistencial, 6% apropriação indébita, 3% outros, estando dentre eles, desabrigo, perícia médica, brigas entre vizinhos, 4% orientação, 2% de auto-negligência e maus-tratos físicos e três casos de violência psicológica.

Crime
A Organização Mundial de Saúde classifica os maus-tratos aos idosos como ato único ou repetitivo ou, ainda, a ausência de ação apropriada que cause dano, sofrimento ou angústia e que ocorram dentro de um relacionamento de confiança. Diferentes categorias foram estabelecidas internacionalmente para explicar a forma de violências aplicadas contra idoso:

- Maus-tratos, violência e abuso físico - Refere-se ao uso e/ou abuso de força física, podendo ter como consequência ferimentos, incapacidade ou morte;
- Maus-tratos, violência e abuso psicológico - Refere-se a agressões verbais, que podem ocasionar situações de humilhação, medo, pânico, restringindo sua liberdade ou até mesmo comprometendo o convívio social;
- Abandono - Refere-se à ausência de assistência pelo poder público, instituições ou familiares a um idoso que necessita de proteção;
- Negligência - Refere-se à recusa ou omissão de cuidados básicos a serem prestados à pessoa idosa por parte da família ou de instituições;
- Apropriação indébita - Refere-se à exploração indevida e/ou apropriação dos bens e das finanças do idoso.
- Auto-negligência - Refere-se à situação de exposição a risco social, pessoal ou psicológico praticado pelo próprio idoso.

(26/09/08)