» ESTAÇÃO CULTURA: AUDITÓRIO LEVARÁ O NOME DE OCTÁVIO DAMIANO PDF Imprimir E-mail



A Fundação Pró-Memória de São Carlos está finalizando o auditório da Estação Cultura, que levará o nome de Octávio Carlos Damiano, jornalista e escritor são-carlense. O local, que será inaugurado no próximo dia 15, data de aniversário da Estação Ferroviária de São Carlos, conta com instalações adequadas para todo tipo de evento cultural.

O espaço oferece 50 poltronas diretor com prancheta, mesa de reunião com 8 cadeiras, quadro branco, telão, ventiladores de parede, persianas black-out, espaço interno para coffee break, cozinha com fogão, microondas, geladeira, banheiros, retroprojetor, TV, DVD, vídeo-cassete, rádio com CD, projetor multimídia e equipamentos de som.

Segundo a diretora-presidente da Fundação Pró-Memória, Ana Lúcia Cerávolo, “é uma justa homenagem para uma personalidade que tanto contribuiu para a divulgação dos fatos são-carlenses e a história da cidade. Também é uma justa homenagem, considerando que seu arquivo pessoal está sob a guarda desta Fundação e constitui o mais significativo acervo sobre a cidade e sua história. Assim, é preciso reconhecer o trabalho desse homem e agradecer a sua esposa, Enide Genovez Damiano, que preservou e doou a documentação”.

Octávio Carlos Damiano nasceu em São Carlos no dia 25 de abril de 1925. Filho do poeta e escritor Orlando Damiano e de Laura de Campos Damiano, se casou em 1947 com a professora Enide Genovez Damiano com quem teve sete filhos. No início deste ano, a esposa de Octávio Damiano procurou a diretora presidente da Fundação Pró-Memória de são Carlos Ana Lúcia Cerávolo, juntamente com o conselheiro da instituição e professor da UFSCar, Oswaldo Truzzi, e manifestou o desejo de doar o acervo particular do marido.

Dona Enide conta que houve resistência por parte de um dos filhos na doação, que depois, repensando o assunto, aceitou a idéia da mãe, pois o motivo mais forte para a doação do acervo era o pai dizer com freqüência que tudo o que fazia não era para ele próprio, que o que fazia era para os futuros historiadores. “O Octávio sempre escrevia em seus artigos que seu trabalho era para os futuros historiadores desenvolverem cada vez mais os assuntos começados por ele. Que os escritos dele deveriam pertencer ao município”, explica a esposa de Octávio Damiano.

Cronista

Formado na Escola Normal de São Carlos, Octávio Damiano não exerceu o magistério. Trabalhou durante vinte anos na Johann Faber e por mais vinte anos na Câmara Municipal de São Carlos, onde ocupou o cargo de assessor de imprensa. Sua grande contribuição foi à imprensa são-carlense. Desde 1941, Damiano atuou como jornalista e, a partir de 1947, publicou crônicas sobre a história de São Carlos. Os primeiros registros de seus trabalhos estão nos jornais “A Tarde” e “Correio da Manhã”, onde também atuou como redator.

Na década de 1950, Damiano intensificou sua produção sobre a cidade de São Carlos. Em 1954 publicou um minucioso estudo sobre os bondes da cidade, sob o título de “Notícia Histórica sobre os Bondes de São Carlos”. No ano seguinte, publicou uma de suas mais conhecidas obras, uma coletânea de crônicas sobre a sociedade são-carlense do início do século XX. O título da obra é “As Favas do ‘seu’ Major”, fazendo uma alusão ao Major José Inácio, personagem histórico da cidade.

Damiano foi também um dos fundadores do Museu Histórico e Pedagógico “Cerqueira César”, que no ano de 1957 abriria suas portas para a população. “Octávio trabalhou com muito empenho e amor na época da fundação do museu, por isso tenho uma ligação afetiva muito grande por esse local e por tudo que ele contém”, relata Enide.

Nessa época, juntamente com alguns amigos e padres do Seminário Diocesano, comprou o jornal “A Cidade”. Depois, abandonou esse projeto, direcionando-se então para outro aspecto da história de São Carlos: a “Revista São-carlense”. Composta por artigos e notícias, a revista era escrita por são-carlenses que, sob a direção de Damiano, se dedicavam à pesquisa sobre as possibilidades culturais da cidade e seus personagens. O primeiro exemplar, dedicado ao centenário da cidade, foi lançado em junho de 1956, sendo os demais lançados nos meses decorrentes do mesmo ano.

Em 1990, publicou “A História de São Carlos Através de seus Filhos Iilustres”, a primeira parte de um guia histórico e biográfico de titulares de ruas e logradouros da cidade. Em 1996, a obra definitiva foi publicada sob o título de “Caminhos do Tempo: titulares de logradouros e instituições públicas de São Carlos”. No ano de 1995, Damiano publicou “Italianos em São Carlos”, trabalho monográfico ganhador do Concurso de Monografias do ano de 1975. Nessa obra, Damiano tratou da questão do ciclo do café, sua cultura e desenvolvimento que possibilitaram a vinda de imigrantes, principalmente italianos, para a cidade.

Durante os últimos anos de sua vida, Damiano escreveu semanalmente no jornal “Primeira Página” em um espaço denominado “A Memória de São Carlos”. Dedicou-se também a estudos sobre a fundação da cidade, que acreditava ser graças a Jesuíno José Soares de Arruda. Este trabalho nunca foi finalizado. Seu último livro, “Crônicas do Tempo Antigo”, foi publicado pouco tempo após a sua morte, que ocorreu no dia 15 de agosto de 1997.

Octávio Carlos Damiano nunca se considerou um historiador, mas sim um cronista de sua época, defendendo a necessidade de preservação da memória de sua cidade e dos seus.

(03/10/08)