FUNDO DE INVESTIMENTOS FINANCIA PROJETOS TECNOLÓGICOS PDF Imprimir E-mail
Os empreendedores do setor tecnológico de São Carlos  agora contam com um fundo de investimento para desenvolver seus projetos. A iniciativa faz parte do Projeto Inovar da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com a Agilis Consultoria, e vai atender inicialmente 14 empreendimentos nas áreas de novos materiais odontológicos, tecnologia da informação e biotecnologia, entre outros.

O fundo tem aporte previsto de R$ 15 milhões e deverá receber 40% dos investimentos da própria Finep, de 15% a 20% do grupo Damha, enquanto os demais 40% deverão vir de outros investidores privados. O Projeto Inovar foi criado em 2001 pela Finep com o objetivo de desenvolver a indústria nacional de venture capitals (capitais de risco), inspirado no modelo norte-americano, que resultou no surgimento de grandes empresas como HP, Microsoft e Apple.

A iniciativa se apoia sobre um tripé formado por um gestor privado (Agilis), governo (Finep) e empreendedor. O papel do gestor é adquirir participação minoritária nas empresas e agregar gestão e condições para um rápido crescimento das companhias. A financiadora é responsável pela avaliação e capacitação técnica do projeto, reduzindo eventuais riscos ao investidor. O empreendedor selecionado recebe os recursos financeiros e capacitação para desenvolver sua empresa de maneira mais sólida e em menor tempo.

Marcos Bernasconi, diretor da Agilis Consultoria e responsável pelo fundo de São Carlos (Fintech), explica que os empreendimentos passaram por critérios rigorosos de seleção na Finep, a cargo de uma banca especializada. Os gestores também devem ser aprovados pelo órgão e geralmente são especialistas do mercado financeiro, garantindo know how aos empreendedores e responsáveis pela atração do venture capital. “A previsão de retorno para os investidores do fundo deve ser de 200% a 300% sobre o capital, dependendo da performance das empresas investidas”, ressalta Bernasconi.

Neste momento, o fundo está em fase de registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e captação dos recursos complementares, com a busca de investidores pessoa física e jurídica. Em seguida, deve aplicar os recursos nas empresas selecionadas. Todo o processo é acompanhado por técnicos da Finep e os investidores pessoa física têm garantia da financiadora para reembolso do capital nominal em caso de performance negativa do fundo. 

“O fundo vai permitir o desenvolvimento da tecnologia nacional, a internacionalização de empresas da região, substituição de importações e geração de postos de trabalho”, ressalta Bernasconi. Boa parte das companhias é constituída por empreendedores formados e com PhD em instituições internacionais e nacionais como USP e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). 

No país, oito fundos com aval da Finep vão proporcionar o crescimento das empresas selecionadas. Os fundos das cidades de São Paulo e São Carlos são os primeiros a entrar em operação. A financiadora oferece ainda cursos, inclusive no exterior, para capacitar os gestores. “A Finep faz uma capacitação de alto nível para transformar os projetos em produtos”, pontua Bernasconi.

A Synbeeosis é uma das empresas de São Carlos selecionadas para o projeto. Focada na área ambiental, a companhia desenvolveu um produto para retirada de óleo da água nos acidentes de derramamento. “É um material hidrofóbico, que rejeita a água e absorve o petróleo”, explica Cláudio Dezidério, diretor da empresa.

O Canadá é o maior exportador de um produto similar, mas que absorve quantidade menor do petróleo. “Nosso produto absorve até 40 vezes mais do que seu peso desde que mesclado a alguns outros produtos”, ressalta Dezidério. A Synbeeosis tem ainda outros produtos como uma urna funerária que evita a contaminação do meio ambiente e placas hidropônicas com novos materiais. “O caminho não é o reciclável, mas o compostável”, aponta o empresário.

Deziderio afirma que a participação do fundo vai garantir crescimento mais rápido à companhia. A Synbeeosis pleiteia R$ 1,5 milhão para investimentos em 2010. “Teremos recursos para desenvolver todos os produtos, fazer marketing e investir na produção”, afirma.

(20/11/09)