SÃO CARLOS VAI USAR MÉTODO INÉDITO NO BRASIL COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI PDF Imprimir E-mail
A Prefeitura de São Carlos, por meio da Secretaria de Saúde, confirmou nesta segunda-feira (21), em reunião do Comitê Emergencial de Combate à Dengue, a parceria com a USP São Paulo para testar um método inédito no país para combater mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika.
 
Uma empresa de São Paulo incubada no IPT desenvolveu uma bactéria - Bacillus thuringiensis israelensis (BTI) - que cresce e depois é transformada em pastilhas (bactéria estável). Essa pastilha é depositada nos criadouros e extermina as larvas do Aedes aegypti, porém é inofensiva para vertebrados, podendo inclusive ser ingerida por humanos. Nas primeiras cinco horas a bactéria consegue matar 50% das larvas. Depois disso, a letalidade aumenta, matando quase 100% delas por mais de 10 semanas. O autor do projeto e coordenador da rede de cientistas é o virologista Paolo Zanotto, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).
 
Outra medida de controle vai ser através da análise da genética do vírus para a reconstrução da malha de transmissão entre as pessoas. “Esse método consiste em identificar um paciente positivo para dengue, sequenciar o genoma do vírus, já que ele vai mudando conforme de espalha. Com o sequenciamento e, sabendo de qual paciente veio o vírus, conseguimos descobrir quem passou para quem. Com isso é possível mapear as malhas de transmissão e descobrir onde o vírus se concentra. Com esse mapeamento a Prefeitura pode atuar em áreas específicas”, ressalta o pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFSCar e integrante do Comitê de Mobilização contra a Dengue, Euclides Matheucci Júnior.
 
Segundo Marcus Petrilli, secretário de Saúde de São Carlos, as pastilhas devem chegar na cidade no mês de janeiro. Na primeira semana de janeiro  na USP São Paulo a comissão local irá se reunir com membros de uma comissão de pesquisa da África especialistas no Zika vírus. Na sequência será iniciada a distribuição das pastilhas nas áreas mais problemáticas, locais com número maiores de notificações. “Também vamos iniciar a análise da genética do vírus. Vamos identificar o vírus que infecta o paciente e quais vírus estão nos mosquitos em circulação, podemos saber se aquele local, por exemplo, está suscetível ao zika. Dessa maneira poderemos agir com precisão”, ressalta Petrilli.
 
“Algumas ações já estamos desenvolvendo desde outubro no município, como a campanha “Juntos pela Vida. Todos contra a Dengue”, envolvendo cerca de 20 mil alunos, além de professores e profissionais das unidades de saúde da família. A ideia agora é utilizar esses alunos, que já estão treinados, na distribuição dessa pastilha que já foi aprovada pela Anvisa, não faz mal para as pessoas e já é usada nos Estados Unidos com sucesso”, comenta o prefeito Paulo Altomani.
 
Altomani alerta, ainda, que mesmo com a aplicação desse novo método, é fundamental que as pessoas reforcem as ações de eliminação dos criadouros do mosquito, verificando se a caixa d ́água está bem fechada; não acumulando vasilhames no quintal; verificando se as calhas não estão entupidas; e colocar areia nos pratos dos vasos de planta. 80% dos criadouros estão nas residências”.
 
Comitê - O Comitê Emergencial de Combate à Dengue tem como objetivo mobilizar e sensibilizar a população para o risco da doença no município de São Carlos. Uma de suas finalidades é a elaboração de programas permanentes e a promoção da integração das ações de controle da dengue, zika vírus e chikungunya
 
Além disso, ele deve utilizar-se de instrumentos legais que facilitem o trabalho do poder público na eliminação de criadouros em imóveis comerciais e terrenos baldios e programar ações educativas contra a doença em diversos segmentos da sociedade. 
 
O Comitê é composto por representantes da Prefeitura, por meio das secretarias de Saúde, Obras, Serviços Públicos, Educação, Vigilância Epidemiológica, Guarda Municipal, Comitê Emergencial de Limpeza Pública, além da Polícia Militar, Exército e pesquisadores e professores das universidades.
 
(21/12/2015)