4 ESTAÇÕES NUM SÓ DIA: CIDADE DO CLIMA DEIXOU VIDA DOS ÁRBITROS MAIS EMOCIONANTE NO VÔLEI DE PRAIA PDF Imprimir E-mail

Disputas da modalidade já se encerraram na 82ª edição dos Jogos Abertos do Interior em São Carlos; árbitros dizem que experiência foi atípica e bastante interessante

 

Eles têm que lidar com cansaço, estresse e com o emocional à flor da pele de atletas e técnicos. Tudo isso sem desgrudar o olho da bola, que pode variar com a ventania. Ser árbitro de Vôlei de Praia é um desafio constante. E apitar um jogo em São Carlos, conhecida como a Cidade do Clima, pode deixar tudo mais intenso, mais emocionante.

 

“No Vôlei de Praia já estamos acostumados a lidar com as variações do clima, mas desta vez tivemos uma experiência atípica: choveu, fez sol e ventou, tudo no mesmo dia. No início da partida sentimos frio e depois tivemos que trabalhar com a capa de chuva quase derretendo por dentro, porque o tempo já tinha esquentado. É normal ver essas variações no clima, mas tudo em um dia só, fica até engraçado. O grupo todo achou legal a experiência em São Carlos”, contou Ronilse Mari Massarico, árbitra da final feminina da 1ª Divisão na 82ª edição dos Jogos Abertos do Interior. A primeira partida, inclusive, ocorreu em um dia de muito sol e vento forte.

 

Os árbitros com quem Ronilse trabalha se conhecem há 15 anos e há mais de sete trabalham juntos em Jogos Regionais e Abertos. Para ela, que começou a carreira apitando Vôlei tradicional (quadra), estar sujeito a tantas alterações externas exige ainda mais união. “Tem que ser um grupo bem gostoso para trabalharmos, porque você fica exposto ali, passa frio, depois passa calor, tem estresse físico e emocional, e quando o grupo é bacana, um ajuda o outro a aguentar o tranco. É muito cativante esse trabalho”, falou.

 

Segundo o árbitro internacional de Vôlei de Praia, responsável pela arbitragem da modalidade na Federação Paulista de Volleyball, Marcos Braga, trabalhar nos Jogos Abertos é o ápice da arbitragem no Estado de São Paulo. “Sempre é muito concorrido, temos em média 60 árbitros para escolher 13. Reunimos os melhores que atuam na Secretaria com os melhores da Federação Paulista, árbitros de finais de campeonatos mundiais e jogos olímpicos. Conseguimos, com a amizade de longos anos, um entrosamento perfeito dentro e fora das quadras, propiciando a todos um excelente nível de arbitragem dentro de uma competição que a cada ano fica melhor”, afirmou.

 

CONCENTRAÇÃO – Conhecer as regras do jogo é fundamental, mas não é o suficiente para apitar um jogo de Vôlei de Praia. É preciso muita concentração e disposição para encarar desafios. “Você não está jogando só com a bola e com a regra. É um desafio após o outro. Esse é até um assunto abordado nos cursos de arbitragem e nas atualizações que fazemos. Ser árbitro de Vôlei de Praia é estar se desafiando o tempo todo. Isso foi uma das tantas coisas que aprendi com o Marcos Braga, que me abriu as portas da arbitragem e sou muito grata a ele por tudo”, comentou Ronilse.

 

Para ela, dois ‘ingredientes’ fazem toda a diferença nessa profissão. “Com conhecimento e companheirismo, tudo flui muito bem, tanto nas quadras, quanto fora delas”, observou Ronilse, que é professora de Educação Física e já foi atleta de voleibol. “Quando gostamos do esporte, fazemos de tudo para estar mais tempo perto dele, foi assim que comecei o curso de arbitragem e procuro sempre me aprimorar. É um aprendizado constante”, ressaltou. Ela também apita o Circuito Paulista de Vôlei de Praia.

 

UNIÃO ALÉM DAS QUADRAS – O entrosamento dos árbitros do Vôlei de Praia vai para muito além das quadras. Pescadora de mão cheia, Ronilse conta que sempre marca viagens com uma parte do grupo. “Nós vamos pescar em alto mar, em rio, no fim do estado, no começo do estado, enfim, é muito gostoso”, relatou.

 

Tanto é, que o grupo não para de crescer. Recentemente chegou mais um. “As pessoas descobrem que temos esse grupo de pescaria e comentam que gostariam de participar, então a gente diz: cola que vai”, brincou Ronilse.

 

A habilidade com instrumentos musicais é outro motivo para o grupo de árbitros do vôlei se reunir, já que eles têm uma banda. Ronilse canta e toca percussão. Eles também têm o hábito de promover encontros, de tempos em tempos, cada vez em uma cidade, afinal, os integrantes do grupo ficam espalhados em todo o Estado. Ronilse, por exemplo, é de Cerquilho.

 

“É muito importante conhecer o ambiente familiar do amigo árbitro, até para ajudá-lo na hora do jogo, porque se o árbitro chega meio triste e a gente não sabe o que está acontecendo, fica mais difícil. Se você conhece o contexto, já consegue animá-lo. Esse convívio fora das quadras é muito bom”, afirma.

 

(22/11/2018)